Espiritismo diz: Jesus não é Deus – Parte 1 (As fontes escritas)

Jesus é Deus ou não? Essa série de  artigos vai abordar o ensino espírita sobre a natureza dele. A gente vai analisar os argumentos usados para “provar” que Ele é apenas uma criatura. Tal ensinamento está em “Estudo sobre a  Natureza do Cristo” no livro  Obras Póstumas (OP) - Primeira Parte, pags. 147- 187, FEB.

Essa parte do livro é muito curiosa. Existe muita omissão tanto de informação  como  de citações bíblicas. São usadas passagens que tratam da humanidade de Cristo esquecendo-se daquelas que falam claramente de sua divindade absoluta. Também não se mencionam as fontes incidentais, paralelas que abordam a pessoa de Cristo no contexto da Igreja primitiva.  Bom, vamos lá:

A) As fontes escritas: “FONTES DAS PROVAS SOBRE A NATUREZA DO CRISTO” (OP, pag 147, FEB)

Um dos argumentos nesse ponto fala que os Pais da Igreja chegaram num consenso e através dele “determinaram” a deidade de Cristo com base na “apreciação pessoal”.  Essa declaração é  distante da realidade, pois há passagens na própria Bíblia que falam sobre a divindade de Jesus. Elas são bem anteriores ao Concílio de Nicéia realizado em 325 dC.

Citarei algumas referências: João 1.1-3; 20.28; Mateus 28.18; as passagens onde Jesus recebe adoração: Mateus 8.2; 9.18; 14.33; 15.25; Marcos 15.19; João 9.38.

É dito ainda: “Nada, pois, de concludente exprime o acordo dos Pais da Igreja, visto que formam uma unanimidade arranjada a dedo, mediante a eliminação dos elementos contrários(OP, pag 149, grifo nosso).

Que elementos contrários foram eliminados? Os que  falam da tal “conspiração” não sabem citar as fontes  de onde tais coisas foram supostamente “retiradas” . Dessa forma ficam algumas perguntas:

1) O Espiritismo se baseou na Bíblia para se posicionar como a 3ª revelação de Deus aos homens, sendo Moisés a primeira, descrita no Antigo Testamento e Jesus a segunda, descrita no Novo Testamento (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap 1, nº 6). Sendo assim, como a 3ª revelação poderia ter vindo da 1ª e 2ª que estão justamente na Bíblia  a qual o Espiritismo alega estar “adulterada”?

2) Se a Bíblia está alterada, isso quer dizer que o “Evangelho Segundo o Espiritismo” foi baseado nos evangelhos que foram “adulterados”?

3) Quais passagens retiradas pela Igreja foram colocadas no lugar no “Evangelho Segundo o Espiritismo”?

4) E em quais manuscritos não alterados os Espíritos e Kardec se basearam para escrever o “Evangelho Segundo o Espiritismo”? Afinal de contas, já que eles falaram sobre mudanças nos textos bíblicos  “devem” ter usado fontes exatas, sem nenhuma alteração!

5 ) Onde estão as fontes alteradas e as não alteradas para se fazer um cruzamento de informações? Quando elas estão datadas?

A Igreja Católica não teve posse de todos os manuscritos bíblicos existentes, dessa forma tem como se cruzar informações. Além disso, uma doutrina bíblica é repetida em diversas partes de modo que para se mexer em uma doutrina terá que ter mexido em várias partes da Bíblia, do manuscrito. E onde estão essas provas com todas as mudanças relacionadas às doutrinas? Esse é um problemão para aqueles que tentam negar a autenticidade da Bíblia!

b) A opinião dos Apóstolos:

O livro diz: “Todos os escritos posteriores, sem exclusão dos de S. Paulo, são apenas, e não podem deixar de ser, simples comentários ou apreciações, reflexos de opiniões pessoais, muitas vezes contraditórias, que, em caso algum, poderiam ter a autoridade da narrativa dos que receberam diretamente do Mestre as instruções” (OP, pag 148, FEB, grifo nosso).

O problema nessa declaração acima é que as pessoas que receberam diretamente a instrução do Mestre falaram de forma clara sobre a divindade dele!  Talvez isso tenha passado despercebido aos olhos de Allan Kardec.

E tanto Paulo como os evangelistas tinham o mesmo pensamento. Portanto, não há opinião contraditória entre eles.

Suas considerações não foram elaboradas posteriormente como se os próprios apóstolos que conviveram diretamente com Jesus não acreditassem em Sua deidade.

O apóstolo Paulo diz algo muito interessante em1 Coríntios 15. 3 “Porque primeiramente  vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras” (...); depois diz que Ele apareceu aos apóstolos e posteriormente a ele (Paulo) também.

As cartas paulinas  são anteriores aos evangelhos.  E Paulo estava transmitindo a tradição oral de forma bem consolidada do modo como ele havia recebido dos apóstolos. Ele teve contato direto com eles. Conferir: Atos 15; Gl 1.18; 2.9; 1 Co 9.5; 15.5.


“Isso levou Paulo e Barnabé a uma grande contenda e discussão com eles. Assim, Paulo e Barnabé foram designados, junto com outros, para irem a Jerusalém tratar dessa questão com os apóstolos e com os presbíteros.” Atos 15:2

“Havendo grande debate, Pedro tomou a palavra e lhes disse: Irmãos, vós sabeis que, desde há muito, Deus me escolheu dentre vós para que, por meu intermédio, ouvissem os gentios a palavra do evangelho e cressem.”  Atos 15.7

Outro ponto que precisa ser considerado são as fontes incidentais. Onde pessoas não cristãs relatam o comportamento dos cristãos em relação ao próprio Cristo. Plínio, o Jovem, por exemplo, em correspondência ao Imperador Trajano diz que os costumes dos cristãos eram: reunir num dia determinado  antes do amanhecer, cantavam hinos a Jesus tratando-o como Deus. Essa carta (Epist. lib. X, 96) é muito importante pois nos mostra o tipo de crença que os cristãos primitivos tinham em Jesus. Ela é de aproximadamente 111 d.C.

Agora  examine uma coisa, se o  que os apóstolos falaram  são apenas opiniões pessoais, e olha que eles conviveram com Jesus!  O que dizer então das “opiniões pessoais de Kardec” elaboradas cerca de mil e oitocentos anos depois de Jesus ?

Se o que apóstolos disseram não é válido para consolidar um ensinamento, pelo mesmo motivo o que Kardec disse não tem valor algum, é apenas um mero conceito pessoal dele. De alguém que viveu séculos e séculos depois de Cristo. E como Kardec não conviveu pessoalmente com Jesus, assim como os discípulos conviveram, é bem melhor ficarmos com as palavras das verdadeiras testemunhas oculares: Os apóstolos!

“Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade.” 2 Pedro 1:16

Atualizado:Maio/2016

Licença Creative Commons
O trabalho Espiritismo diz: Jesus não é Deus – Parte 1 (As fontes escritas) de Discípula de Cristo foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - NãoComercial - SemDerivados 3.0 Não Adaptada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário