Visão contraditória do Espiritismo sobre o Materialismo (Parte 1)

“Em sua bandeira, inscrevera o mestre estas palavras: Trabalho, solidariedade, tolerância. Sejamos, como ele, infatigáveis; sejamos, acordemente com os seus anseios, tolerantes e solidários e não temamos seguir-lhe o exemplo, reconsiderando, quantas vezes forem precisas, os princípios ainda controvertidos.” (Obras Póstumas, pg 14, FEB, grifo nosso).

Apesar da suposta tolerância ser ensinada, os escritos do codificador espírita rumam para outro lado, o da intolerância para com os que pensavam diferente inclusive os céticos e materialistas. Sobre esses tratarei aqui.

Allan Kardec estava feliz ao detectar que o número dos materialistas era menor:

“Entre os materialistas, importa distinguir duas classes (...). Felizmente, são em número restrito e não formam escola abertamente confessada. Não precisamos insistir nos deploráveis efeitos que para a ordem social resultariam da vulgarização de semelhante doutrina.” (O Livro dos Médiuns, cap 3, nº 20, grifo nosso).

Para o codificador, os materialistas sofriam de pensamentos aberrantes: 

“Por uma aberração da inteligência, pessoas há que só vêem nos seres orgânicos a ação da matéria e a esta atribuem todos os nossos atos.” (LE, nº 148, grifo nosso).  

Materialistas “são antes fanfarrões do que bravos : 

“Acresce que o nada os amedronta mais do que eles quereriam que parecesse, e os espíritos fortes, quase sempre, são antes fanfarrões do que bravos. Na sua maioria, só são materialistas porque não têm com que encher o vazio do abismo que diante deles se abre. Mostrai-lhes uma âncora de salvação e a ela se agarrarão pressurosamente”, ou seja,  apressadamente. (LE, nº 148, grifo nosso).  

Para Allan Kardec atos de fraternidade e progresso feitos por céticos não eram verdadeiros: 

“ Algumas pessoas, dentre as mais cépticas, se fazem apóstolos da fraternidade e do progresso. Mas, a fraternidade pressupõe desinteresse, abnegação da personalidade. Onde há verdadeira fraternidade, o orgulho é uma anomalia (...)Onde essa crença exista, uma só máxima é racional: cada um por si, não passando de vãs palavras as idéias de fraternidade, de consciência, de dever, de humanidade, mesmo de progresso.” (LE, conclusão, nº 3, grifo nosso).

Espiritismo, terrível antagonista:

“O Espiritismo é o mais terrível antagonista do materialismo. Não é, pois, de admirar que tenha por adversários os materialistas. Mas, como o materialismo é uma doutrina cujos adeptos mal ousam confessar que o são (prova de que não se consideram muito fortes e têm a dominá-los a consciência), eles se acobertam com o manto da razão e da ciência.” (LE, conclusão, nº 2, grifo nosso). 

E muito embora ele tenha sido contrário ao materialismo/ceticismo,  acabou entrando em contradição nas coisas que ele e os espíritos  criticaram, por exemplo:

Para o codificador, o materialismo trazia problemas à família: 

“A que se deve atribuir o relaxamento dos laços de família e a maior parte das desordens que minam a sociedade, senão à ausência de toda crença?”

Nesse ponto, não era preciso recorrer ao materialismo para expor tal problema, pois o próprio O Livro dos Espíritos (LE) diz na questão 891 diz que uma mãe pode odiar o filho por questões de pagamentos de dívidas das outras vidas: “Estando em a Natureza o amor materno, como é que há mães que odeiam os filhos e, não raro, desde a infância destes?”

 “às vezes, é uma prova que o espírito do filho escolheu, ou uma expiação, se aconteceu ter sido mau pai , ou mãe perversa, ou mau filho, noutra existência”(grifo nosso).


Atualizado: Maio/ 2016


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A obra Visão contraditória do Espiritismo sobre o Materialismo de Discípula de Cristo foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial - Obras Derivadas Proibidas 3.0 Não Adaptada.

4 comentários:

  1. Olá Sarah, creio que é esse o seu nome, se não for me desculpe.
    A título de informação, sou espírita, porém não sigo o cunho religioso e sim o cunho moral e científico. Há quem diga que o espiritismo é uma "seita religiosa" e estão equivocados, espiritismo é um braço do Cristianismo e não uma religião, ou seja, a "religião de um espírita é o cristianismo esclarecido por Kardec".
    Chegei até aqui (seu blog), por causa do seu post no fórum Gospel Brasil (O Espiritismo condena outras crenças?), por curiosidade li todo o texto até os comentários.
    Primeiramente, tenho que dar parabéns à você, pois escreve muitíssimo bem e tem excelentes textos publicados.
    Não vejo ofensa em sua palavras, mas sinto que você tem alguns problemas com os espíritas e não com o espiritismo. Como em qualquer lugar há pessoas e pessoas.
    Estou lhe escrevendo apenas por um motivo: esclarecimento. Os textos ditos como básicos são muito mais profundos do que as palavras contidas neles. Procure alguém (que confie) para discutir as questões, compreender o que elas queriam dizer para a época em que foram escritas e no que cabem para os dias atuais.
    Siga em paz.

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  2. Oi Raphel, graça e paz, querido,

    Sou a Sarah lá do fórum sim, rs. Amado, fico grata pelo elogio. Bom, não tenho nenhum problema com os espíritas, me dou super bem com os que conheço. A questão é justamente o Espiritismo ideologicamente falando.

    Quanto à questão de o Espiritismo não ser religião, isso não é fato. Em Obras Póstumas é dito que o Espiritismo veio restaurar a verdadeira religião do Cristo, que se tornou nas mãos dos padres comércio de tráfico vil.

    Quando uma coisa passa por restauração, assume-se a forma original. Se o Espiritismo veio restaurar isso mostra que assumiu a forma original de religião restaurada.

    Quanto à designação:"ser seita religiosa", não podemos nos esquecer que o Espiritismo também fala e tom, digamos, 'nada elogioso' sobre outros tipos de crença.

    Eu também escrevo essas coisas, Raphael, com o objetivo de esclarecer. Propor uma reflexão aos espíritas e não-espíritas, aos evangélicos de modo geral.

    Quando a gente coloca algumas coisas lado à lado para comparar vemos que não existe fundamento na crítica que o Espiritismo faz à Bíblia. Os artigos aqui são os tópicos que tenho postado nos fóruns, cada um dele trata de uma forma diferente as inúmeras questões que tenho abordado.

    Fique sempre à vontade para comentar seja positivamente ou negativamente.

    Abraços fraternos, irmão,

    Fica com Jesus.

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  3. O estudo sério não leva o homem ao materialismo; pelo contrário, quem pesquisa com sinceridade a vida, encontra a verdade. E para provar o que mencionamos, podemos constatar, nos bastidores da História Universal, maior quantidade de sábios espiritualistas do que o contrário. O homem de inteligência, frio no que toca ao Espírito, às vezes teme a pesquisa, ou lhe falam mais alto o orgulho e a vaidade; não pode aceitar que alguém invisível esteja lhe inspirando a fazer algo de especial no que refere à humanidade. Não sabe ele que ninguém descobre nada; tudo já se encontra às vistas de todos, tudo já se encontra feito por Deus na programação universal da vida. Somos apenas instrumentos da Sua bondade, e muitas descobertas feitas no mesmo instante em vários pontos do globo, por homens diferentes, provam esta afirmativa.

    As verdades estão disseminadas, como que escritas nos fluídos cósmicos oriundos de Deus. O nosso progresso é filho do estudo permanente. Assim, Deus nos fez e nos ajuda a compreender Suas leis espirituais e eternas. Os homens que estudam e continuam a negar as suas procedências desvalorizam a si mesmos, mas, nem por isso deixam de ser eternos, na eternidade do Criador. O tempo falar-lhes-á mais alto e, com a cooperação desse tempo, haverão de sentir e agradecer o despertamento para a vida imortal. Futuramente, serão os mais sinceros propagadores desta verdade absoluta, da existência de Deus e da continuação da vida.

    No que tange à reencarnação, é o mesmo homem negando porque, sendo sábio do mundo e da nobreza reconhecida pela Terra, não deseja voltar a ela como um desconhecido. Quer, mesmo sendo sábio, repetir o ato da criança quando faz um malfeito: esconder-se atrás da porta para não ser visto pelos pais. Ficará preso pelas suas próprias idéias até descobrir a verdade que o libertará da ignorância que o iludiu por tanto tempo.

    É certo que o homem sem instrução pode possuir mais fé que o douto, por lhe faltar mais conhecimento e viver mais pela credibilidade. A razão é, pois, uma transição perigosa em cada criatura, que ele quase sempre usa para o negativismo até a maturidade, quando começa a surgir à intuição divina, fundindo na consciência a certeza da luz e a confiança nos poderes superiores.

    A razão é falha, quando aparece o Espírito investido em modalidades diferentes do que é a matéria. É a mesma matéria quintessenciada, sob as bênçãos de Deus. É o progresso da alma senão o despertamento, ascendendo para a Luz maior. É Deus em nós e nós em Deus, sentindo a respirando a glória da vida.

    Quem já despertou para a existência da alma, confirmada pela fé, não pode ser atingido pelas influências do materialismo e deixa Deus confirmar-se em seu coração pela presença do Cristo e vive com a consciência inundada de alegria e o coração irradiando amor.

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    1. Olá, bom dia,

      É interessante como vcs tentam desviar o máximo que podem o tema central desse artigo. Mas os questionamentos e reflexões continuam lá.

      Grata pela participação

      Graça e paz

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